O projecto sobre os cavalos do Norte da Mongólia (mais precisamente da Inner Mongólia) de Wang Zhengping anda muito próximo da perfeição e, por vezes, parece transportar-nos para o mundo do encantamento e do realismo mágico. O realismo mágico é uma abordagem estética que combina elementos da realidade com toques de fantasia, surrealismo ou sonhos. Essa corrente busca captar momentos que, embora possam parecer normais à primeira vista, revelam uma profundidade ou uma qualidade extraordinária quando observados de perto. Traduzem-se, por exemplo, no modo como a iluminação é usada para acentuar a beleza de uma imagem, ou a sequência narrativa de um conjunto de imagens, ou a forma da edição para melhor se acentuarem os seus detalhes ou contrastes. Como diria Gabriel Garcia Marques, “O realismo mágico é uma forma de ver a realidade que é capaz de transformar o quotidiano em algo extraordinário.” Assim é com o trabalho fotográfico dos cavalos do Norte da Mongólia de Wang Zhengping.

O trabalho etnográfico que Wang Zhengping tem feito sobre a Mongólia, de onde é originário, registando as suas gentes, os seus lugares e as suas tradições é de grande importância. Nesta outra dimensão Wang Zhengping transforma-se num contador de histórias e um defensor da diversidade cultural. Através de seu olhar, o mundo ganha uma compreensão mais rica e complexa das vidas que o habitam. Como diria Sebastião Salgado “Através da fotografia, podemos mostrar a beleza e a dignidade da vida humana, capturando a essência das pessoas e de suas culturas.” Wang Zhengping revela-se aqui não apenas como um extraordinário fotógrafo, mas um humanista, que usa a sua máquina fotográfica como se se tratasse de um arquivista de vivências humanas!