Wang Zhenpeng (activo entre 1275-1330), o autor de uma das mais reconhecidas representações da célebre reunião budista entre Vimalakirti e Manjusri, faria uma pintura igualmente icónica, de um outro encontro entre duas personagens históricas tornadas símbolos. Em «Boya tocando o qin» (rolo horizontal, tinta e aguada sobre seda, 31,4 x 92 cm) que está no Museu do Palácio, em Pequim, sentados sobre rochas duas figuras trajando como literatos; Yu Boya (387-299 a. C.) toca um instrumento, Zhong Ziqi escuta. Na descrição do acontecimento nos Anais da Primavera e do Outono do Mestre Lu (Lushi Chunqiu), escritos por Lu Buwei em 239 a. C., está contada a história de uma imprevista amizade. Boya, um virtuoso do instrumento guqin, estava um dia tocando sozinho ao luar quando surgiu um lenhador que se sentou a escutar. Questionado pelo músico sobre o que aquele som lhe sugeria, Ziqi, representado na pintura como literato mas na verdade um rústico lenhador, atribuiu à melodia as palavras que esta lhe inspirava e como ficaria conhecida até hoje: «Altas montanhas, águas correntes» (gaoshan liushui). Um título em que figuram as palavras shan e shui, que descrevem um género de pintura. O relato prossegue, referindo como eles tinham marcado encontro no ano seguinte mas Ziqi não compareceu, tendo falecido por exaustão ao cortar madeira de dia e dedicar-se à leitura de noite. Boya, então, destruiu o seu instrumento e, num gesto de piedade filial, encarregar-se-ia de cuidar da família de Ziqi. O emocionante encontro dos dois que se reconheceram ao som da música, ficaria conhecido como zhiyin «conhecer o tom», entendido como «ter um amigo chegado». Na pintura de Wang Zhenpeng os dois amigos estão abstraídos, isolados de qualquer cenário mas outros quiseram fazer reverberar a música do qin numa paisagem.
Wen Zhengming (1470-1559) é o suposto autor de uma pintura que está no Museu de Arte de Cleveland (rolo vertical, tinta e cor sobre papel, 132 x 50,5 cm) intitulada «Tocando o qin num vale escondido» onde, numa paisagem monumental, concentrando o olhar se descobrem dois amigos sentados de frente um para o outro. Um deles está tocando o qin, o instrumento dos letrados, e o seu som ondulante como um marulho, escuta-se com o olhar. Uma inscrição na pintura descreve-a com um poema:
«Miríades de cumes sucedendo-se oferecem uma festa ao olhar,/ Uma cascata escorrendo dez mil pés pode lavar um espírito empoeirado./ Através da melodia tangida neste qin de cordas vermelhas,/ A minha humilde resposta ao som murmuro que se ameiga entre os pinheiros.»
Existem outras versões da pintura, que entendidos preferem atribuir a Lu Zhi (c.1496-1576), um discípulo de Wen Zhenming, e muitas outras do mesmo tema, o que talvez mostre que, tal como a música nostálgica de Yu Boya, ele corresponde à expressão de algo fundamental.