Foi um homem tão maligno e sedento de sangue que é impossível escrever o seu nome, mas, acima de tudo, conhecê-lo ajuda-nos a compreender algumas coisas sobre a forma como a História se constrói. Enquanto escritora, é meu dever partilhar convosco a minha última descoberta. E é por isto que os esforços para suprimir a sua influência continuam, porque a História não se pode repetir.
Por exemplo, a URSS erradicou da sua terra natal, na Mongólia, todos os rastos da sua passagem e proibiu que o seu nome fosse mencionado. Mas hoje venho aqui dizer-vos que quase tudo que sabem sobre ele está errado.
A chave para o sucesso do Império mongol foi a mestria com que lidava com o orgulho. Como é sabido, os Mongóis adoravam os lobos, animal que não se adapta ao circo, como os leões e os tigres. Gengis Khan dizia aos seus maiores guerreiros “se não souberem engolir o orgulho, não podem liderar”.
Gengis Khan aboliu a tortura, defendeu a liberdade religiosa e uniu diferentes tribos. Abominava os privilégios da aristocracia, adorava aprender e foi um pioneiro na defesa dos direitos das mulheres na Mongólia. Gengis era um visionário. O seu império conheceu o primeiro sistema postal, inventou o conceito de imunidade diplomática e chegou a permitir o acesso de mulheres ao seu conselho. Mas acima de tudo, os mongóis destacaram-se pela tolerância religiosa. Foi um homem que se fez a si mesmo e estava à frente de um império acabado de construir com cerca de 18 milhões de quilómetros quadrados, do qual algumas partes se mantiveram ao longo de sete séculos. Sim, é verdade, gostava da guerra, mas nunca em proveito próprio. A sua grande missão era: “Unir todo o mundo num só Império.” E a sua ambição assoberbou-o. Contudo, os mongóis não buscavam honras na guerra. Vencer era o seu objectivo. Após a vitória, focavam-se na construção da paz com igual tenacidade.
O maior conquistador de todos os tempos morreu suavemente, rodeado pelas esposas e pela família.
Ah, é verdade: todos sabemos que o dinheiro em papel foi uma invenção dos chineses. Durante a dinastia Yuan (1279-1367) – quando o Império Mongol se instalou na China – o dinheiro em papel era o único válido. Na altura em que o neto de Gengis Khan, Kublai Khan, terminou a conquista da China -1260 – e tomou posse do título de Imperador, o dinheiro em papel tinha-se tornado uma característica assente e definitiva da política financeira do governo Mongol. Existem registos, que cobrem um período de noventa e sete anos, onde podemos ver a quantidade de notas emitidas anualmente, durante o reinado de Kublai e dos seus sucessores. A descrição Marco Polo é a mais detalhada.
